HISTÓRIA e Estados do BRASIL

 

 

 

Os holandeses no Nordeste do Brasil

 

Baía de Todos os Santos (Salvador - Bahia) - gravura do século XVII

 

Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro

Dezembro/2006

 

 

Reconquista da Bahia

 

 

«««

 

Em 1624, uma frota da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, invade Salvador. No ano seguinte, forças luso-espanholas derrotam os holandeses. Em 1627, é feita nova tentativa, frustrada, contra Salvador. Mas, em 1630, empreendem nova tentativa, com sucesso, em Pernambuco. O objectivo principal era o domínio do principal centro produtor de açúcar do Mundo. Depois de um primeiro período difícil, quando foram vencidos pelos colonos que se haviam fortificado no Arraial do Bom Jesus, sob o comando do governador Matias de Albuquerque, os holandeses, conseguiram, graças ao auxílio de Domingos Fernandes Calabar, não apenas destruir o Arraial, mas também ampliar a sua dominação até ao Rio Grande do Norte.

O principal período da dominação holandesa, situou-se entre 1637 e 1645, quando a Companhia das Índias Ocidentais manteve como governador das terras conquistada o alemão, conde João Maurício de Nassau – Siegen.

Para administrar o domínio holandês na Brasil, chega a Pernambuco João Maurício de Nassau, tolerante nos campos político e religioso. Nassau estimula os engenhos e as plantações. Urbaniza o Recife e assegura a liberdade do culto.

É responsável pela vinda de cientistas e artistas, como os pintores Frans Post e Albert Eckhout, que retratam o quotidiano brasileiro. Na sua administração, a dominação holandesas estende-se sobre toda a região entre o Ceará e o rio São Francisco.

Em 1637, os holandeses, em Angola, tomaram os mais importantes portos de saída de escravos africanos para o Brasil. Assim, os donos dos engenhos brasileiros passam a depender dos holandeses para a obtenção de mão-de-obra.

Em Dezembro de 1640, o Duque de Bragança é aclamado rei de Portugal, como D. João IV. Mas os espanhóis não aceitam o fim da que chamavam “União Ibérica”, nem a restauração do trono português, sob a dinastia da Casa de Bragança. Assim, Portugal e a Espanha entraram em guerra. D. João IV, pede então ajuda à Inglaterra e à Holanda, que estavam em guerra com a Espanha. No seguimento deste pedido, Portugal assina com a Holanda (que então ocupava terras no Brasil) um armistício válido por 10 anos. O apoio de Inglaterra a Portugal é fundamental para que Portugal, conquiste definitivamente a independência.

Nesse ano, os jesuítas são expulsos de São Paulo. Com isso aumentaram as expedições para aprisionar índios feitas por bandeirantes, que, em sua maioria, têm sangue indígena. A escravização desses índios ajuda a superar a dificuldade em obter mão-de-obra, que acontece pelo controlo temporário do tráfico de escravos africanos estar na mão dos holandeses. Os jesuítas voltam a São Paulo, em 1653.

É iniciada em 1641, a invasão holandesa no Maranhão, que perdura até 1644, quando os holandeses são expulsos pelos portugueses. Essa invasão foi ordenada por Maurício de Nassau, que procurava consolidar as posições holandesas no Brasil antes que o armistício entre a Holanda e Portugal fosse amplamente divulgado no Brasil.

No momento em que, ao romper com a Companhia, Nassau abandonou o governo e regressou à Europa. Após o seu regresso, os proprietários de terras de Pernambuco passam a ter mais dificuldade em conseguir crédito na Companhia Holandesa das Índias Ocidentais. Os latifundiários dão início à Insurreição Pernambucana, com o objectivo de expulsar os holandeses. No começo, Portugal não dá nenhum auxílio, pois estava interessado em garantir o apoio da Holanda para enfrentar a Espanha na luta pelo fim da União Ibérica.

Em 1648 e 49, forças militares do Maranhão e do governo geral da Bahia derrotam os holandeses na Batalha dos Guararapes. A insurreição só acaba quando os holandeses, enfraquecidos após uma guerra contra a Inglaterra (1642); os colonos, tendo à frente João Fernandes Vieira, André de Negreiros, , António Filipe Camarão e Henrique Dias, promoveram a Insurreição Pernambucana, vitoriosa em 1654, com o armistício de Campina do Taborda.

A soberania portuguesa sobre a “vila” do Recife é reconhecida pela Holanda, pelo Tratado de Paz de Haia, em 1661. Para que os holandeses desistam das terras coloniais, Portugal paga a estes uma grande indemnização.

A 6 de Agosto de 1661 foi assinado o Tratado de paz entre Portugal e a Holanda pelo qual Portugal prometia uma indemnização de quatro milhões de cruzados a serem pagos em 16 anos, 250 mil por ano, em dinheiro ou em açúcar, sal e tabaco), porque a Holanda «perdera» Pernambuco: este Tratado da Haia legitima a perda da maioria das colónias portuguesas no Oriente e repercutiu numa politica estatal de transformar a economia da Amazónia, estimulando cultivo de espécies asiáticas e nativas, ampliando a importação de africanos. Com o problema da sucessão espanhola, mais tarde, a Inglaterra usaria a dívida portuguesa, não paga, para pressionar Lisboa, como em 1697.

Entretanto, em 1649, Portugal cria a Companhia Geral de Comércio do Brasil, para auxiliar a resistência pernambucana às invasões holandesas e facilitar a recuperação da agricultura canavieira do Nordeste brasileiro, depois dos conflitos.

A sua principal atribuição é fornecer escravos e equipamentos aos colonos e garantir o transporte do açúcar para a Europa.

 

Nau holandesa

 

A Companhia Holandesa das Índias Ocidentais

http://pt.wikipedia.org/wiki/Companhia_Holandesa_das_%C3%8Dndias_Ocidentais
(em holandês: West-Indische Compagnie ou WIC) foi uma empresa de mercadores holandeses. Representa um exemplo alternativo, mais moderno, de pendor capitalista, à organização do comércio externo, que em Portugal permaneceu fortemente dependente do Estado até mais tarde.
A 3 de Junho de 1621, por iniciativa de um grupo de calvinistas flamengos e brabanteses refugiados na Holanda para escapar à perseguição religiosa, foi concedido um alvará para o monopólio do comércio com as colónias ocidentais pertencentes à República das Sete Províncias Unidas dos Países Baixos. O objectivo do alvará era eliminar a competição entre diferentes postos mercantis estabelecidos pelos mercadores. Espanhóis e portugueses acusaram os cristãos-novos de Amesterdão de serem a alavanca da empresa, mas do total de 3 milhões de florins subscritos na cidade, apenas 36 mil florins serão contribuição dos sefarditas. O objectivo da companhia era levar ao Novo Mundo, como a sua congénere, a bem sucedida VOC (ver abaixo) já fazia na Ásia, a guerra de independência dos Países Baixos, atacando os pontos-chave do Império espanhol. As possessões portuguesas, segundo se calculava, seriam o calcanhar-de-aquiles, e se pensava que a Espanha sacrificaria sua defesa à dos próprios domínios americanos. Por isso, desde 1624-5, quando ocupou Salvador, a WIC dedicava ao Brasil o melhor de sua atenções.
A companhia desempenhou, em geral, importante papel na colonização neerlandesa das Américas e foi responsável pela ocupação de áreas no nordeste brasileiro. A área em que podia operar consistia da África ocidental (zonas entre o Trópico de Câncer e o Cabo da Boa Esperança) e as Américas, que incluía o Oceano Pacífico e partes orientais da Nova Guiné. A opção pela Bahia e por Pernambuco era óbvia: D. Diogo de Menezes, Governador Geral, escreveria na época à Corte que: « no Brasil, não há mais que este lugar de Pernambuco e da Bahia». Eram as chamadas «capitanias de cima» e monopolizavam a produção do açúcar, principal género de exportação, que geravam o excedente fiscal que tornava o Brasil rentável, pois as «capitanias de baixo» eram deficitárias. Mas, mesmo assim, não se pense serem povoadas: a ocupação era meramente litorânea, não excedendo uma faixa de 70 quilómetros a partir da costa.
A WIC foi organizada de forma similar à Companhia Holandesa das Índias Orientais (VOC), que detinha o monopólio do comércio neerlandês com a Ásia desde 1602, excepto no facto de a WIC não ter obtido permissão de conduzir quaisquer operações militares sem a aprovação do governo neerlandês. Tal como a VOC, a WIC detinha cinco escritórios, chamados de câmaras (kamers), em Amesterdão, Midelburgo, Roterdã, Hoorn e Groningen (cidade), sendo as câmaras de Amesterdão e de Midelburgo aquelas que mais contribuíram para a companhia. O conselho de administração consistia de 19 membros e era conhecido como o "Heeren XIX".
Em 1630, uma armada da WIC comandada pelo almirante Loncq bloqueou o litoral de Pernambuco, desembarcou um exército que conquistou Olinda e Recife, começando a conquista da área entre o rio São Francisco e o rio Grande. A Espanha, sob Filipe IV e o conde-duque de Olivares, optou por uma guerra lenta, mas quando foi nomeado Maurício de Nassau em 1636 para governador civil e militar do Nordeste, o exército da WIC já conseguira dominar a região entre Natal e Porto Calvo, hoje Alagoas. Maurício de Nassau seria nomeado por seu talento administrativo, para pôr o Brasil a render - pois os lucros obtidos pela WIC com o corso contra Espanha e Portugal no Atlântico e nas Antilhas, que se estima 30 milhões de florins, não davam para pagar a guerra (45 milhões) e a burocracia da WIC. A Companhia tomara dinheiro emprestado aos accionistas, não distribuía dividendos desde 1628, quando Piet Heyn capturara a frota espanhola da prata ao largo de Cuba. Sua dívida acumulada superava 18 milhões de florins. E um partido, o dos burgueses de Amesterdão, no seio da Companhia, queria a paz, prevendo restituir a área conquistada no Nordeste brasileiro contra a abertura do comércio com as possessões da América espanhola.
Isaac de Pinto, economista judeu de origem portuguesa, foi accionista da WIC e terá pertencido aos Heeren XIX desde 1750, aproximadamente.

 

«««


(Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro - Marinha Grande - Portugal)
 



 

Registre sua opinião no

Livro de Visitas: