A Atriz
Crepitando lenhas na
lareira, o fogo!
Com creme e licor, uma xícara de café.
Cerejas, trufas, chocolate meio amargo
Nozes, avelãs, tâmaras e balas de anis!
Sem disfarces, se espelha o seu rosto nu!
Sem maquiagem, sem as máscaras nas faces,
Escondendo seus cabelos num gorro de lã.
O corpo agasalhado pelos sonhos pecados,
Envolto em cachecol de cruéis pesadelos!
Num olhar mirando um não sei o quê...
Perdendo-se, numa perigosa e infinda,
Bruma circundante em desgastada vida.
Uma Estrela, procurando no horizonte,
Desejando da distância, uma estrada!
Desponta num desalinho em vertical,
Correndo vertigens na espinha dorsal,
Do seu corpo meio nu caído horizontal,
Estendido na cama em cetins à meia-luz!
Onde os rendados das cortinas, na seda,
E nos seus mamilos, no seu traseiro nu,
Deixam a lua vir dançar um pálido luar,
E na cereja dos seus lábios doidos crus
Pondo no ombro esquerdo babas escorridas
Agridoce salivando, até caírem amorfas,
Num vômito de álcool e drogas perdidas.
No tapete melado com alucinógenos vis!
A lua dança nos seus olhos, ainda lascivos,
Perdidos, drogados, despedindo-se da vida,
Numa calma alma beijando sonhos coloridos
Desta tão corrosiva sina dormindo ao lado
Roncando seus desejos vencidos, perdidos,
Entre grana, fama, perfumes e segredos!
A cena fecha em preto&branco. Diminuindo-se
Num zoom, focando-se no monitor do vídeo.
O Diretor-geral, grita: - Coooorrrtaaaa!!!
O Contra-regra joga-lhe um roupão rosa,
E ela se levanta, e toma o vinho falso.
Que na realidade, é um suco de uva.
Todos aplaudem. E ela, agradece!
Odenir Ferro |

ÀS MULHERES QUE AMAM
(O dom da perpetualidade da existência humana!)
Com quantos
sentidos poderemos dimensionar a realidade da
existência, dentro destes inúmeros sentidos que cabem
dentro de cada sexto sentido que cada mulher comporta,
sensivelmente, dentro de si mesma?
Como poderemos interpretar o amor, por inumeráveis
vezes, de forma incondicional, dentro do contexto
amoroso sobressaído delas, e que se transborda de dentro
delas, feito um oceano aonde os mistérios todos das
vidas existentes em todas as eras, compuseram-se de
Todas as Musas feito Elas, Grandes Mulheres! Divinais
Divas inspiradoras dos nossos mais perpétuos e profundos
encantos! Elas são alheias, são submissas, são
desconhecedoras até de elas mesmas, dentro destas
atitudes compromissadas e submissas a esta imensurável
força que Deus lhes deu! Ah, falando Nele, desnecessário
dizer que o grande mistério da perpetualidade da Vida,
está no dom doado por Ele, à Elas. O dom de gerar e de
parir, e de criar e assim transcender-se dentro da alma
coletiva do mundo, através da procriação.
As mulheres são pétalas d'água plenas de incógnitos
encantos! São guerreiras, e amam e amam, e amam, e
lambem a sua crias, feito em pé de igualdade à todas as
feras instintivas que agarram as suas crias, num sentido
único de protegê-las do mundo!
As mulheres têm medo de entregar ao mundo os seus
filhos! Elas desconhecem esse vácuo do pós criação,
aonde muitas delas padecem de um contínuo sofrimento por
sentir-se separada da sua criação; ao mesmo tempo que
vai se encantando, se valorizando, se entregando, se
submetendo, ao ver seus filhos ganharem as asas da
liberdade, rumando ao infinito das alturas!
As mulheres são amantes, são mães, são as
administradoras do lar em tempo integral! Independente
desta modernidade aonde atualmente exista as divisões de
tarefas entre elas e o seu homem. As mulheres são
múltiplas dentro de si mesmas. Elas não hesitam em agir!
Estão sempre alertas, sempre de prontidão a tudo e a
todos que a cercam. Todas as Grandes Mulheres carregam
grandes místerios dentro do seu universo interior sempre
tão indesvendável; como se fosse um fascinante mar
expondo-se, desnudando-se, de dentro do seu mais
profundo interior abismal. Aonde o medo, a excitação e o
mistério são os ingredientes perfeitos para o
despertamento, espiritual até, ou somente muito
espiritual enfim, para as curiosidades humanas, dentro
do querer sentir e desvendar e desbravar, este místério
insondável.
Algumas muitas mulheres, fogem da razão e
desiquilibradamente se mostram dentro de um cenário de
perfeita calmaria. Elas incendeiam tudo a sua volta, até
encontrarem-se com o fio condutor do seu emocional que
vive vibrando-lhe, como se fosse um termômetro queimado,
dentro das adrenalinas que as dilatam por muita ou pelas
pouquíssimas coisas mais banais.
Ah!...As mulheres! As mulheres nunca deixarão de
exercerem as suas funções diplomáticas diante de todos
os acontecimentos, de todos os fatos históricos que vão
se sucedendo momento a momento, instante a instante! Não
precisaremos ir muito longe, para constatarmos isto:
- Basta apenas olharmos em poucos retrocessos, seja para
o nosso histórico pessoal existencial, ou até,
avançarmos um pouquinho mais além, que então poderemos
notar as marcantes presenças das grandes mulheres ao
lado dos grandes homens, em todos os tempos históricos,
referentes a todas as eras passadas! E é claro, nesta
Era presente! Eu creio que as mulheres modernas são as
que estão interagindo mais com os homens. São as que
estão se firmando mais dentro do espaço que sempre foi
seus. Muito embora a sociedade esteja ainda muito
desencontrada, muito em desacordo entre tudo e todos,
dentro deste jogo de muitos, de múltiplos interesses, eu
penso, eu creio, que estamos avançando para um caminho
de consenso. De objetivos, de ideais, de sonhos,
entendimentos, e compartilha entre todos nós! Para isso
tudo, dentro de tudo, devemos ter, acima de tudo, boas
atitudes!
Muito embora esta busca venha, em ato contínuo, se
sucedendo desde a época de Adão e Eva, penso que dentro
desta nossa sociedade atual, tão cada vez mais e muito
mais a cada momento, tão globalizada, este paradigma
existencial impregnado dentro do inconsciente coletivo
do Universo, esteja se manifestando, se evidenciando, se
afunilando, se elucidando, de forma muito acelerada!
Estamos no início de um fenômeno espiritual,
existencial, nunca vivido antes, pelos nossos
ancestrais! Não sei dizer se estamos vivenciando
momentos privilegiados, dentro do Tempo, da nossa
História atual, ou se estamos beirando aos incógnitos
caminhos ladeado por um enorme precipício! Mas, de
qualquer forma, nós confiamos em Deus, e os justos
herdarão a Terra.
E, Eva, foi a mulher que comeu do fruto da sabedoria;
desobedecendo a Deus e aos Anjos. Descobrindo desta
forma, os Mistérios da Vida! Ao perder a "inocência",
então Deus deu-lhe o dom da perpetualidade através da
concepção, da geração, através do parto, nascimento,
vida e morte! Quantas múltiplas funções dentro de uma
só, cabem às mulheres! Deus deu à elas o dom da
perpetualidade da existência humana! As mulheres são as
eternas divas divinas: foram, são e sempre serão as
musas inspiradoras do continuum da vida, dentro de cada
viver em si. Todos nós, seres viventes que somos, somos
uma pequena extenção dos seus diafragmas, dos seus
sangramentos menstruais, dos seus amores, das suas
revoltas, das suas ações, das suas reações, e das suas
confusas inércias!
Também somos submissos dos seus sexos, dos seus
cansassos, das suas loucuras, mas, acima de tudo, das
suas bençãos, e muito além de tudo, dos seus
encantadores incondicionais e conspiradores Amores!
Odenir Ferro

O DOM DA
PERPETUALIDADE DA VIDA
Colocando-as na
imensurável missão da fertilidade,
Deus, em toda a sua sapientíssima
magnanimidade,
Concedeu o mistério da procriação, dentro do
amor
Envolto em fé, o milagre da vida, doado às
Mulheres!
Envolveu-as com a gestação, a criação, a
amamentação,
Instrução, além de muitíssimo incondicional
Amor...!
Dom da vida, flores de parirem, doando-se
aos filhos
Gerados dentro do seu fecundo ventre
abençoado,
Também originário do barro de onde Deus
Criou
O Homem; e num belo ato Divinal de extremada
Inspiração, instituiu-nos o Incógnito da
Vida,
Através do seu Afflatus:
Vendo-o, apenas colocou-o num sono
profundo...!
Então, de uma das suas costelas, gerou a
misteriosa Eva!
Doando a ela, o dom da perpetualidade da
Vida,
Ao depositar-lhe, nas suas mãos, a
incumbência
De parir! Gerando dentro dela o dom de
procriar
A Vida. Permitindo assim, a multiplicação da
Espécie Humana. Somos um magnífico Coral
Humano. Somamos-nos através das diversas
Etnias, variadas línguas e culturas, e
estamos
Espalhados ,por todos os inumeráveis cantos
Do Planeta. E tudo isto, graças a
contribuição
Do Amor incondicional de todas as Mulheres!
Odenir Ferro |

Texto Poético: QUEM
DIVIDE, SOMA E AMA!
Muitas vezes eu
gosto de ficar olhando para uma janela, ou seja, admirar
a composição arquitetonica de uma janela.
E então, assim me disponho a pensar, refletindo sobre
muitas nuanças que a vida nos impõe, ou nos apresenta.
Fico a contemplar uma janela e então começo a perceber
que uma janela não é somente uma separação de ambientes
internos e externos de uma casa, fazendo com que a mesma
continue tendo uma coligação com o ambiente externo que
a cerca, através duma janela.
Sim! Uma janela separa, divide ou até unifica mundos.
Eu me refiro a pessoas, mundos, universos diferentes. E
quando olho para uma janela, muitas vezes, numa
associação de ideias, eu a associo aos nossos olhos.
Nossos olhos são, como se fossem janelas.
Percebo que no Computador, tudo também se abre através
de janelas. Link que não deixam de serem portanto,
janelas.
Mas, querendo aprofundar um pouco mais, uma janela
divisa casas de outras casas, em outras casas que moram
gentes, pessoas, que nós costumamos a chamar de
vizinhos.
Os Seres Humanos nasceram para viverem agregados uns aos
outros, mesmo que simbolicamente até, existam as
separações, as cercas, as divisas, as divisões... Embora
hajam, as janelas!
Mamíferos que somos, somos uns ávidos curiosos.
Nas janelas de nossas casas, existem as frestas...
Dizemos corriqueiramente que é para ventilar. Mas as
frestas servem, e muito, para espiar, para comparar,
para se exibir, para confrontarmos atitudes e
comportamentos, com o nosso próximo.
Assim também se dá, com os nossos olhos, muitas vezes,
através dos nossos olhares!
As janelas são apenas um prolongamento dos nossos
estilos de vida. Nós vivemos nos espelhando nas atitudes
do nosso próximo, muito embora temos uma tendência a
reprovarmos o que vem do nosso próximo. Nós, seres
humanos que somos, na nossa grande maioria, somos uns
curiosos natos.
Se torna muito gostoso, ás vezes, espiarmos pelas
frestas das janelas e até bisbilhotarmos a intimidade do
nosso próximo.
E agora, nessa Era Globalizada em que vivemos,
conectados a cameras, filmadoras, fios invisíveis,
celulares que fotografam, fica tudo cada vez mais
difícil de criarmos nossos oásis de privacidade.
Nessa nova realidade que o mundo virtual da Era
Globalizada a nós nos impõe como condições e estilo de
vida, ou melhor, praticamente como uma obsessiva
condição de vida, vamos quase que inconscientes,
criando, gerando, e nos adaptando aos nossos novos
estilos, cada vez mais ávidos e envoltos nas pequenas
sutilezas das ações subjetivas, no tocante mundo virtual
em relação ao tópico que agora exponho em questão:
-Privacidade!
Janelas, divisas, olhos, privacidade!
A cada dia fica mais difícil vivermos dentro das razões
introspectivas da nossa própria individualidade.
Eu sou como um caracol! Sou como um avestruz! (Às vezes!
Mas, muitas e outras tantas e tantas vezes, não!) Eu
confesso que adoro enfiar minha cabeça pra dentro de mim
mesmo e sondar, sondar, rondar a minha volta, observar,
aprovar, repudiar, enfim, administrar o meu universo
interior. Sempre, constantemente faço isso!
Sinto que sou um desconhecido de mim mesmo, e quanto
mais eu procuro me achar, mais eu me perco e quanto mais
eu me perco muito mais eu me acho, quando então eu me
disponho a doar-me, a dividir-me, a repartir-me...
Então, nesse estado de viver, dessa forma, eu me acho
próximo do meu próximo, compartilhando coisas,
experiências, somando vidas, sentimentos, dores, amores,
decepções, enfim, tudo o que for possível. E creio que
tudo é possível compartilhar...
Eu procuro me dividir muito, em muitos eus, me dividindo
como posso ou puder, da forma que posso ou puder, ou
quiser, pois eu Amo a Humanidade! ´E assim que eu me
sinto Humano, é dessa forma que eu me sinto vivo,
habitante desse nosso Querido Planeta Terra!
Procuro muito me doar, me dividir, compartilhar,
principalmente dentro da Arte de Escrever! Escrever é
Amar! Escrever é Dividir-se! Escrever é Somar!
E quem divide, soma e Ama!
Odenir Ferro
 |